sábado, 25 de maio de 2013

JUVENTUDE DO CAMPO E TRANSFORMAÇÕES SOCIOAMBIENTAIS NO MUNICIPIO DE MEDICILÂNDIA-PA

INTRODUÇÃO


O presente trabalho com o tema Juventude do Campo e Transformações Socioambientais no município de Medicilândia/PA tem como princípio entender a relação da prática educativa e seus reflexos no estágio supervisionado contemplando os saberes acadêmicos dialogados no eixo Juventude e transformações socioambientais e refletir a realidade a partir dessas práticas educacionais.
De forma direta, é dos chamados “adultos” a incumbência de planejar as ações que venham transformar a realidade social, econômica, política, mas a execução dessas ações será, em sua grande maioria, feita pelos jovens. Seremos responsáveis pelos primeiros passos, mas a jornada só terá sentido se a juventude partilhar desses sonhos e objetivos.
E nesse sentido, este trabalho acadêmico de pesquisa tem como norte o seguinte objetivo geral: Entender a relação da prática educativa e seus reflexos no estágio supervisionado contemplando os saberes acadêmicos dialogados no eixo Juventude e transformações socioambientais.
Da mesma forma, deve contemplar os seguintes objetivos específicos: Relatar sobre as Experiências Educativas vivenciadas do Campo a partir dos discursos apontados pelas instituições SEDUC-PA e CFR’s no município de Medicilândia; Intervir de forma construtiva e crítica no processo ensino e aprendizagem na modalidade de Ensino Médio, para que possam ir além de uma visão de educação tradicional; Construir uma análise minuciosa a cerca das entrevistas com professores do ensino médio da área das Ciências da Natureza e Matemática, para que oriente sua concepção de currículo, planejamento e exercício na docência; Socializar nas escolas/comunidades onde trabalham/moram e onde foi realizado o estágio docente e a construção do relatório, devolvendo o que observaram no 5º Tempo Comunidade e 6º Tempo Acadêmico; 
O trabalho de pesquisa apresenta como tema “Juventude do Campo e Transformações Socioambientais no município de Medicilândia/PA será dividido em tópicos desenvolvidos nos seguintes passos: Introdução; Fundamentação teórica; Metodologia aplicada na pesquisa; Resultados e discussão da referida pesquisa bem como a descrição da partilha dos saberes e Considerações finais.
Na introdução é feita a apresentação da temática, bem como a estruturação do trabalho. Na fundamentação teórica está o embasamento científico pautado na obra de autores que já se debruçaram sobre o tema. Na metodologia apresentam-se detalhadamente os passos metodológicos da produção deste trabalho, desde o momento inicial com todo o processo de planejamento. Nos resultados apresentam-se, de forma precisa e objetiva os dados obtidos oferecendo assim maior veracidade às conclusões. É neste momento que se encontra descrito todas as informações adquiridas no decorrer do processo de construção desta pesquisa, informações que foram adquiridas em observações, questionários e relatos, obedecendo as metodologias de pesquisa adotada bem como a intervenção por meio do estágio. É neste tópico que se encontra a partilha de saberes, sendo o momento de sistematização do fazer acadêmico junto à comunidade. No ultimo tópico apresentado encontra-se as considerações finais, onde se faz uma análise geral da proposta, detectando todos os achados e comparando-os com os objetivos e assim observando a configuração das metas a serem alcançadas, dentro desta análise é possível identificar se os objetivos perseguidos foram alcançados de forma satisfatória ou se algo ficou a desejar.















 



 



1. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA


     Na perspectiva que haveria muitos modos para pôr em prática as ideias os trabalhos do sexto tempo acadêmico ou “pôr em suspenso”, diria Bourdieu (1998 p. 49). Optamos em compartilhar nossas intenções metodológicas e discutir com elas qual a pertinência de realizar um trabalho mais consciente na escola e comunidade onde serão desenvolvidas as atividades cabíveis, tendo como meta a possibilidade de se construir uma escola de qualidade que contribua com o desenvolvimento do campo.
     O que implica dizer que a qualidade é compreendida aqui tal qual propunha Zákia Souza:

uma escola de qualidade para todos, supõe essencialmente “o compromisso de seus integrantes com a permanência das crianças que nela ingressam com seu processo de desenvolvimento; a organização de um trabalho que viabilize e estimule a apropriação e a construção do conhecimento e a formação do sujeito social; o estabelecimento de relações  de poder compartilhadas, privilegiando-se o trabalho coletivo e cooperativo entre os profissionais da escola, alunos e comunidade” ( SOUZA 2007. p. 33).


Com está perspectiva de uma educação de melhor qualidade precisa-se dar melhor fundamentação as ações pedagógicas desenvolvidas nas escolas, isso esta sendo uma busca constante pelos profissionais da educação e todo o corpo que rege este país que estão comprometidos com a educação, motivo pelo qual temos destacado a importância da realização de debates pedagógicos que contemple todas as Modalidades de Ensino dos estabelecimentos educacional(is), com o objetivo em aperfeiçoar constantemente novos conhecimentos relativos às necessidades dos educandos.
Atualmente, busca-se no campo, mudar a realidade que durante décadas deixou-se a margem nos planejamentos políticos do país, a luta por mudança vem se intensificando a cada dia dando força a esses sujeitos que habitam o campo e quer ter uma vida digna sendo respeitados seus diretos e suas especificidades, ter lazer, saúde, saneamento básico e educação, é algumas das reivindicações que norteiam essas ações.
Além disso, há outras questões que precisam ser analisadas para que a educação do campo possa realmente surtir efeito, isso se remete a forma como o campo é enxergado politicamente e assim Fernandes (2006) destaca os dois conceitos de campo que delibera aos olhos de quem ver as políticas públicas pensadas para o meio rural:

Conceito de campo como território, onde se realizam as diversas formas de organização do campesinato e também as formas de organização da agricultura capitalista, denominada de agronegócio. O campo pode ser pensado como território ou como setor de economia. O significado territorial é mais amplo que o significado setorial que entende campo simplesmente como um espaço de produção de mercadorias. Pensar o campo como território significa compreendê-lo como espaço de vida, ou como um tipo de espaço geográfico onde se realizam todas as dimensões da existência humana. (FERNANDES 2006, p.28)


Aqui nessa pesquisa o sistema educacional do campo é um dos grandes focos, onde se apresenta como a maior aliada para abrir novos rumos na vida dos sujeitos do campo, essa educação presente hoje no campo, não contribui para esses sujeitos, pois são moldadas na cidade por pessoas que não possuem nenhum contato com o campo, não conhece a realidade e estão pouco interessados no reflexo que isso trará para quem a recebe.
Hoje é na juventude que a sociedade deve deposita a maior esperança de vivermos em um mundo melhor no futuro, por outro lado, é também nesta clientela, que infelizmente encontramos mais ocorrências dos principais problemas da atualidade, como: usuários de álcool, cigarros e drogas; causadores e vítimas de acidentes de trânsito sofrem com o desemprego e por isso muitos entram para a criminalidade.
Cabe ao poder público e a sociedade  definirem ações direcionadas a proteger, capacitar e gerar oportunidades aos jovens, de modo a mudar essa realidade.
Aquino (2009) corrobora com esses pensamentos. Essas ações existem. De acordo com ela...

As diversas formas de tematizar a juventude bem como as questões usualmente associadas à condição juvenil vêm orientando, com peso ora mais decisivo, ora menos, as ações direcionadas aos jovens. Tradicionalmente, estas ações se concentraram nas áreas de educação e emprego – sob a perspectiva da juventude como fase preparatória da vida – ou de saúde e segurança pública – com o viés da juventude como etapa crítica. Em geral, tais ações não se estruturaram como elementos de uma “política de juventude”, mas como estratégias de atuação da sociedade para orientar a formação dos jovens. (AQUINO, 2009. p.35)

Nesse sentido, levando-se em conta os direitos e as redes de proteção social e considerando-se as novas demandas juvenis que chegam ao espaço público, Novaes (2009), classifica as PPJs como Universais Atrativas e Exclusivas.
As PPJs universais são definidas como...

Políticas setoriais dirigidas a toda a população, inclusive aos jovens. Nesta perspectiva, estão as políticas educacionais, de trabalho e emprego, de assistência social, de saúde, de cultura e de combate à violência. (...) consideradas estruturais, implicam sistemas duradouros e instituições públicas dotadas de orçamentos. Historicamente, constituem-se como direitos de cidadania, motivo pelo qual destas se espera hoje que incorporem as especificidades do recorte etário – direitos difusos – e, assim, incorporem questões singulares da atual geração juvenil. (NOVAES, 2009, p. 19).


Vale ressaltar aqui que essas políticas não são dirigidas apenas aos jovens, mas a toda a população. Nesse contexto, os jovens foram incluídos como elementos da população, dentro da dualidade inclusão x exclusão.
Já as PPJs atrativas são definidas como...

 ...aquelas que não são dirigidas apenas aos jovens, mas têm especial incidência sobre eles: seja por afinidade com a natureza da política – por exemplo, os Pontos de Cultura seja porque lhes abrem oportunidades específicas – como aquelas que regulam fluxos migratórios –, seja porque, mesmo voltadas para espaços territoriais, onde convivem diferentes faixas etárias, afetam particularmente os jovens – por exemplo, as políticas de segurança e combate à violência. No geral, podem ter um caráter emergencial ou experimental, ou combinar as duas dimensões. (NOVAES, 2009, p. 19).


As únicas políticas específicas para os jovens são aquelas definidas como exclusivas, não no sentido de exclusão, mas no sentido de exclusividade. Novaes, 2009, as define como...

... aquelas voltadas apenas para uma faixa etária predefinida entre 15 e 29 anos. Sejam estas na área de educação, trabalho, desenvolvimento social, saúde, cultura, migração, segurança, constituem-se em programas e ações emergenciais para jovens excluídos ou em situações de exclusão desfavorável. (NOVAES, 2009, p. 20).


Essas três categorias fazem parte de um conjunto, que na maioria das vezes encontram dificuldades de implementação, que segundo Novaes (2009), é dada pelo fato de essas políticas estarem sob a “responsabilidade de diferentes ministérios, secretarias e outros organismos Governamentais”. Assim, o desafio primordial é fazer que os ministérios compartilhem concepções semelhantes sobre a atual condição juvenil e se orientem por um mesmo objetivo para formular e implantar políticas voltadas para cada faixa etária. Essas são estratégias encontradas para confirmar as políticas, segundo a autora que afirma “... vários esforços têm sido feitos no sentido de elaborar parâmetros e descobrir caminhos que permitam a construção de uma Política Nacional de Juventude.”(NOVAES, 2009. p.21)
Mesmo assim, ainda a muito que se fazer, pois não se deve apenas incluir os jovens nessas políticas, mas também devem ser criados mecanismos que facilitem a permanência dos mesmos, uma vez que o próprio sistema é excludente, principalmente em relação às juventudes do campo.
            A educação numa perspectiva ontológica deve considerar jovens e adultos como seres históricos, que constroem sua história nas relações existentes na sociedade. Tais relações vão desde o seu primeiro contato social que é a família até as relações mais complexas da sociedade como as relações de trabalho e as relações políticas. Assim, cada um constrói sua formação a partir do que acha certo ou errado, das oportunidades que teve e da forma como vê o mundo. A educação tem que considerar jovens e adultos como sujeitos de uma sociedade de muitas lutas e conquistas, mas, também, de contrastes sociais, de exclusão, de opressão etc.

A educação de jovens e adultos deve ser sempre uma educação multicultural, uma educação que desenvolva o conhecimento e a integração na diversidade cultural... Considerando a própria realidade dos educandos, o educador conseguirá promover a motivação necessária à aprendizagem, despertando neles interesses e entusiasmos, abrindo-lhes um maior campo para atingir o conhecimento. (PRESSUPOSTOS..., p.38 DA APOSTILA)


            Portanto, tratar da educação com uma visão aberta pro novo e não simplesmente fazer a reprodução de conhecimentos prontos e acabados requer aplicar conteúdos em que os educandos não se sintam excluídos de suas realidades. Mudar essa educação é aperfeiçoar as práticas pedagógicas valorizando os saberes empíricos agregando valores às práticas cotidianas e possibilitando novas descobertas com os saberes vivenciados em sala de aula.
            Nessa perspectiva, o processo de construção do conhecimento dos sujeitos deve considerar todos os elementos culturais e sociais que fazem parte do ambiente em que ele está inserido. Não deve-se abandonar suas crenças, suas formas de compreensão do meio, mas diferenciá-las de outras formas de compreender os mesmos fenômenos numa outra visão, nesse caso, a científica.   

Não se pode traçar um perfil único da juventude rural, seja pelos diferentes contextos socioeconômicos e culturais em que esta vive, seja pela escolha dos critérios que possam delimitá-la. Esquematicamente, a identificação do ser jovem passa pelos seguintes marcadores: faixa etária, período de transição para a vida adulta, aceitação/contraposição a valores e práticas sociais tradicionais,especificidades na interação social e absorção de novos comportamentos. (FERREIRA e ALVES, 2009, p 246).


Para a sociologia a concepção de juventude é o período de interstício entre funções sociais da infância e as funções sociais do homem adulto. Porém, quando se trata da juventude do campo, a faixa etária não é determinante, pois existem outros fatores que servem para caracterizar o sujeito. No campo muitos jovens não recebem salário, uma vez que trabalham na propriedade da família, que futuramente será sua. Para os autores acima citados, essa é uma lógica fundamental.

Na lógica da agricultura familiar, as relações produtivas têm como base compromissos e obrigações familiares. Disto decorre o fato de o trabalho de todos os seus integrantes, inclusive os jovens, não envolver questões salariais, porque tem como finalidade a reprodução social da família e unidade produtiva, tanto no ciclo curto – reprodução biológica –, como no ciclo longo – reprodução geracional –, e não a acumulação de capital. [...] O processo de trabalho organiza tanto o espaço agrícola como o das relações sociais de gênero e geração. Por isso, a passagem de jovem para adulto só será reconhecida quando ocorrer a construção de uma unidade produtiva autônoma, após o casamento ou a passagem sucessória do estabelecimento familiar de pai para filho. (FERREIRA e ALVES, 2009, p 249).


Os jovens moldam suas vocações, reconhecendo em si potencialidades e também limites. Voltam seus olhos para os respectivos grupos familiares. Tornam-se apoio potencial de seus pais e irmãos mais novos. Porém, quando a família é numerosa e a propriedade já passou por diversas subdivisões, essa lógica cria um processo de exclusão, que obriga, na maioria das vezes, os jovens deixarem o campo e buscarem um emprego remunerado na cidade.
            A luta aqui é para que o povo do campo possa ter a opção de escolher onde ele deseja morar, se no campo ou na cidade e não ser obrigado a abandonar o campo por ele não oferecer condições necessárias a existência humana, e como consequência enfrentar as periferias das cidades, vivendo na marginalização, excluídos de um processo humanizador.
É importante ressaltar que, para que se alcance uma boa educação do campo é necessário também que se construa um Projeto Político Pedagógico (PPP) que traga em sua composição conteúdos que façam a diferença, que esteja apoiado em um currículo construído a partir de atitudes humanitárias que enxergue a sociedade envolvida, na sua essência. Se o currículo que permeia tal espaço não estiver contido de interesses que abarque a melhoria de vida comunitária. Assim fica claro a importância de se discutir quais concepções devem ser elencadas, nos currículos que perpassam as escolas, principalmente as escolas do campo.
            Diante dessa realidade que se encontra hoje a educação escolar presente no campo, tudo é empurrado da cidade, os PPP e currículos escolares não são diferentes, são construídos sem a participação dos moradores da comunidade, elaborados somente a partir de uma exigência legislativa, quando as maiorias dos sujeitos do campo desconhecem a pedagogia que pondera seu espaço, assim se posiciona Freitas (1991) que:

...as novas formas têm que ser pensadas em um contexto de luta de correlações de força – as vezes favoráveis, às vezes desfavoráveis. Terão que nascer no próprio “chão da escola”, com o apoio dos professores e pesquisadores. Não poderão ser inventadas por alguém, longe da escola e da luta da escola. (FREITAS 1991, p.23 apud VEIGA, 2002).


            Não há como alcançar uma educação no campo que envolva as questões sociais daquele local, aceitando PPP construídos fora do espaço escolar, Não se pode buscar uma educação do campo, aceitando currículos que não enxerga o educando do campo não se leva em consideração a sua família na roça.
            Não se trata de uma simples mudança, mas de algo que deve superar várias questões, uma delas é a descentralização do poder, para que a escola possa andar com suas próprias pernas e para que cada um dos envolvidos no processo educacional possa sentir-se capaz e comprometido com sua função no espaço escolar, como corrobora Veiga (2002, p. 2), não podem mais:

Ser dirigidas de cima para baixo e na ótica de poder centralizador que dita as normas e exerce o controle técnico burocrático. A luta da escola é para a descentralização em busca de sua autonomia e qualidade”.E para que a escola do campo alcance sua autonomia, torna-se necessário mudanças significativas no seu interior, ou seja, “resgatar a escola como espaço público, lugar de debate, do diálogo, fundado na reflexão coletiva” (VEIGA, 2002, p.2).


            Essas situações raramente acontecem nos dias de hoje, conforme Veiga (2002):

O projeto busca um rumo, uma direção. É uma ação intencional, com um sentido explícito, com compromisso definido coletivamente. Por isso todo projeto pedagógico da escola é, também, um projeto político por estar intimamente articulado ao compromisso sociopolítico com os interesses reais e coletivos da sociedade majoritária. É político no sentido de compromisso com a formação do cidadão para um tipo de sociedade. Na dimensão pedagógica reside a possibilidade da efetivação da intencionalidade da escola, que é a formação do cidadão participativo, responsável, compromissado, crítico e criativo. Pedagógico, no sentido de definir as ações educativas e as características necessárias ás escolas de cumprirem seus propósitos e sua intencionalidade. (VEIGA, 2002, p.1)


            O PPP durante o processo educativo escolar necessita de uma avaliação periodicamente, coletivamente com educadores, pais, alunos, coordenação pedagógica e todos os funcionários da escola, para que assim sejam observadas as metas alcançadas e as que só estão ocupando papel e não foram postas em prática, assim se reafirma o que foi falado anteriormente, que o PPP deve está ao alcance de todos. Nesse contexto Veiga, 2002, enfatiza que:


Acompanhar as atividades e avaliá-las levam-nos a reflexão com base em dados concretos sobre como a escola organiza-se para colocar em ação seu projeto político-pedagógico. A avaliação do projeto político-pedagógico, numa visão crítica, parte da necessidade de conhecer a realidade escolar, busca explicar e compreender ceticamente as causas da existência de problemas bem como suas relações, suas mudanças e se esforça para propor ações alternativas (criação coletiva). A avaliação, do ponto de vista crítico, não pode ser instrumento de exclusão dos alunos provenientes das classes trabalhadoras. Portanto, deve ser democrática, deve favorecer o desenvolvimento da capacidade do aluno de apropriar-se de conhecimentos científicos, sociais tecnológicos produzidos historicamente e deve ser resultante de um processo coletivo de avaliação diagnóstica. (VEIGA, 2002 p.9).


            Trabalhar com uma gestão democrática no campo propiciará a um novo cenário onde todos serão respeitados igualitariamente, o povo poderá contribuir com a organização da escola porque é a eles que ela pertence, barreiras irão ser quebradas e os sujeitos do campo poderão mostrar que são capazes, desmistificando a imagem imposta pela elite como lugar de atraso, atenuando essa concepção de educação urbanocêntrica.  
            No século em que se vive, torna-se inaceitável conviver em um espaço escolar onde poucos mandam e a maioria tem que obedecer, onde pais e mães não conseguem ter vez e voz para argumentar suas reivindicações, infelizmente no campo isso ainda acontece, e são várias as pessoas que contribuem para que isto aconteça, a negligência começa dos poderes mais elevados até os menores. Diante dessas questões não se pode ficar no silêncio, quando muitos são massacrados e humilhados.
            O respeito, a dignidade, a solidariedade, assim como outros princípios devem está presentes no espaço escolar, além disso, a valorização dos profissionais da educação é um direito que não pode ser esquecido de assegurá-lo, para que a qualidade do ensino esteja sempre em elevação, vale lembrar que esse direito é respaldado por lei. De acordo com Veiga:

A qualidade do ensino ministrado na escola e seu sucesso na tarefa de formar cidadãos capazes de participar da vida socioeconômica, política e cultural do país relacionam-se estreitamente a formação (inicial e continuada), condições de trabalho (recursos didáticos, recursos físicos e materiais, dedicação integral a escola, redução do número de alunos na sala de aula etc.), remuneração, elementos esses indispensáveis à profissionalização do magistério. A formação continuada é um direito de todos os profissionais da educação, uma vez que não só ela possibilita a progressão funcional baseada na titulação, na qualificação e na competência dos profissionais, mas também propicia, fundamentalmente, o desenvolvimento profissional dos professores articulados com as escolas e seus projetos. (VEIGA 2002, p.4).


Na educação escolar, principalmente a que permeia o campo, o educando (a) tem que ser vistos como seres que precisam de educadores e educadoras conscientes, conscientes do seu papel e sua responsabilidade diante daqueles sujeitos, que estão em um banco de escola com a esperança de obter conhecimentos que possam refletir no dia-a-dia da sua comunidade. Tem de haver o  compromisso dos educadores e educadoras no currículo, e ser posto em prática no dia-a-dia escolar, resultará em uma educação capaz de combater a ideologias que transmitem interesses relacionado à elite dominante, que explora e marginaliza os menos favorecidos.
A educação que se aspira no campo, deve abranger todas as esferas, dentro e fora da escola, construída a partir de decisões consciente com a participação de toda a comunidade onde a escola estiver inserida, só assim os reflexos de uma educação decente irão ajudar a transformar a vida do povo.

2. METODOLOGIA


            As atividades do sexto Tempo Comunidade foram realizadas entre os meses de março e junho de 2012. Os dados analisados são de natureza primária, obtidos por meio de questionário estruturado, pesquisa, estagio, observações e entrevista na Casa Familiar Rural de Medicilândia, Comunidade São Francisco de Assis e professores do Sistema Modular de Ensino (SOME) no município de Medicilândia Pará, localizado as margens da rodovia transamazônica. Além da pesquisa e estagio foi feito uma mobilização na escola Benjamin Constant escola para a construção do PPP.
     Tanto a pesquisa quanto o estágio do sexto tempo comunidade foram realizados, compreendendo sua importância para a realidade local e formação dos professores que atuam no campo, no contexto da educação do campo, que serão socializadas na partilha de saberes no sétimo tempo comunidade para os demais sujeitos pesquisados, que segundo Severino (2007) tais atividades foram contempladas no paradigma epistemológico dialético, como sabemos, uma pesquisa é um processo de construção do conhecimento tendo como metas principais gerar novos conhecimentos e efetuar algum conhecimento pré-existente.
     Para a realização da pesquisa apresentada no presente trabalho, houve a necessidade de recorrer ao uso de uma opção epistemológica na qual a relação sujeito x objeto aconteça dentro de um contexto histórico, ocorrendo uma reciprocidade entre eles. Por se tratar de uma pesquisa de cunho acadêmico e científico, fizemos o uso do pressuposto epistemológico da Dialética, alicerçados nos preceitos de Severino (2007).
     Nas atividades de pesquisa desenvolvidas e na partilha dos saberes foi utilizado como método cientifica uma abordagem qualitativa que segundo Severino (2007) não pode limitar-se apenas a fenômenos naturais de causa e efeito medido por funções matemáticas. A escolha do método qualitativo vem suprir a abordagem matemática que deixava escapar aspectos relacionados com sua condição especifica do sujeito.
     Quando afirmamos que é uma abordagem qualitativa, isso deve-se ao fato de ter sido feito o uso de uma metodologia voltada a pesquisa, capaz de atender as múltiplas realidades, onde o todo é mais que a soma das partes, e esta abordagem nos permite analisar profundamente os dados recolhidos durante a referida pesquisa no sexto tempo comunidade.
Quanto à natureza da fonte de nossa pesquisa, optou-se por fazer a pesquisa de campo, uma vez que a mesma está voltada para o estudo de indivíduos, comunidade, grupos, com o objetivo de compreender os mais diferentes aspectos de uma determinada realidade. Também se tomou como referencial o fato do “objeto” de nossa pesquisa ter sido observado no lócus próprio, em condições naturais, buscando compreender os aspectos gerais formadores da realidade da comunidade, o que de acordo com Severino (2007) é imprescindível numa pesquisa desta natureza.
Após determinar a natureza da pesquisa, foi feita a opção pelo caráter da mesma, como perspectiva de aprofundar o conhecimento da realidade, optou-se pela pesquisa explicativa, pois almeja-se  explicar o “por que” das coisas, visando identificar os motivos que determinaram ou contribuíram para formação da realidade. Severino (2007) afirma que é necessária uma análise profunda do tema de forma a entender as causas e efeitos da situação. Esse caráter aprofunda mais o conhecimento da realidade, pois tem como preocupação central identificar fatores que determinam ou contribuem para a ocorrência dos fenômenos.
Também a utilização da técnica de observação por ser imprescindível na realização de qualquer pesquisa. Se essas observações tiverem alguma verdade, elas poderão ajudar-nos a enfrentar com mais clareza as mudanças que estão por vir.
Fizemos o uso da dialética dada à necessidade de diálogo entre educadores e também com os sujeitos da comunidade. Nessa dinâmica, a pesquisa fundamentou-se buscando experiências dos jovens discentes da CFR de Medicilândia, bem como a experiência dos docentes do SOME do município de Medicilândia. Ambos estão relacionadas ao contexto social, político e econômico local. Tal atividade buscou priorizar que tipo de educação que chega aos discentes, tanto da CFR quanto do SOME.
A utilização da abordagem qualitativa se deu durante as atividades de construção do PPP, bem como no momento da aplicação do questionário semiestruturado aos docentes do Ensino Médio. Ela foi muito útil como ferramenta para determinar o que é importante para os docentes, discentes e pais dos alunos da CFR de Medicilândia.
Foi utilizada a pesquisa de campo porque havia a necessidade se acompanhar os discentes da CFR aplicando as atividades da ação interventiva in lócus, e também pelo fato de se pesquisar a realidade das comunidades para que sua realidade seja contemplada pelo PPP da CFR.
 O I relato de experiências educativas vivenciadas do campo teve como propósito expor as experiências educativas aplicadas no campo pelas instituições que cuidam da educação.  A atividade teve como tema “O papel da educação no Campo”, participaram dois palestrantes (um representando a CFR e FVPP e outro representando a 10ª URE e SOME) e como participantes os discentes do Curso de Licenciatura Plena em Educação do Campo- ProCampo. A referida atividade contabilizou uma carga horária de 20 horas.
Foi realizado também o planejamento de uma ação interventiva multidisciplinar no Ensino Médio. Esta atividade compreendia a realização de um projeto de intervenção na área de formação escolhida, com etapas que envolvem planejamento (20h), execução (30h) e produção de relatórios (30h), com carga horária total de 80 h. Para a realização desta intervenção, houve a necessidade de se fazer uma atividade integradora, por meio de palestras e atividades práticas desenvolvidas durante a Alternância da CFR de Medicilândia.
            Como atividade complementar, com carga horária de 30 horas, foi sugerida que se fizesse uma entrevista com docentes que atuam no Ensino Médio, para que fossemos orientados em relação à concepção de currículo, planejamento e exercício de docência.
            Tal atividade foi realizada com os docentes do SOME do município de Medicilândia, com os professores titulares da área das Ciências da Natureza e Matemática. A mesma foi feita com os discentes das disciplinas de Matemática, Química, Física e Biologia, através de um questionário dirigido semi-estruturado.
            As ações de construção do PPP são na verdade reuniões de trabalho da comissão de professores, pais e alunos para discutir sobre objetivos, princípios, concepção do PPP da escola, entre outros, bem como realizar atividades envolvendo a comunidade escolar nessa construção.
A partilha de saberes referente ao VI Tempo Acadêmico foi realizada na E. M. E. F. Benjamin Constant, localizada na comunidade são Francisco de Assis, vicinal norte do km 85, da rodovia Transamazônica (Altamira-Itaituba), em Medicilândia, numa reunião para este fim exclusivo, com pais, responsáveis, professores, alunos e comunidade em geral, e pela equipe da partilha de saberes composta pelos discentes do IFPA Agnaldo Fernandes da Silva, Carlos Rangel de Novais, Carlos Diego Ignácio de Souza, José Maria Campos da Silva, Luciano Ulatoski, Maria da Conceição dos Santos, Rosane silva de Campos e Valmir Santos da Costa.

3. RESULTADOS

3.1 Relato de Experiências Educativas vivenciadas do Campo


            O I relato de experiências educativas vivenciadas do campo aconteceu dia 27 de janeiro, no auditório do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará-IFPA, campus Altamira e teve como propósito divulgar as ações e as experiências que estão sendo tomadas e realizadas no que tange a Educação do Campo na região da Transamazônica e Xingu.
            Tal relato teve como tema “O papel da educação no Campo”, e como participantes os discentes do Curso de Licenciatura Plena em Educação do Campo- ProCampo, e teve como palestrantes o representante da Fundação Viver, Produzir e Preservar (FVPP) e Casa Familiar Rural (CFR), Luiz Paulo Alves Portugal e a senhora Aparecida Ferreira, representante do Sistema Modular de Ensino (SOME) e da 10ª URE (Unidade Regional de Educação). Teve como mediadora a docente Andreany Santos, sendo que esta atividade contemplou 20 horas de estudo.
            O relato foi dividido em dois momentos. No primeiro momento os relatos ficaram a cargo do representante da FVPP e CFR. O mesmo relatou a proposta das redes Centros Familiar de Formação por Alternância (CEFAS) para a Educação do Campo, bem como a legislação vigente, levando em conta uma Educação do Campo que considere essa realidade, mas que não esteja na ilegalidade.
Dando prosseguimento, foi relatada a busca pela legalização da implantação do Ensino Fundamental de nove anos, junto ao Conselho Estadual de Educação (CEE), bem como a luta das EFAS, CFR, CEFAS por parceria entre as mesmas e o Estado. (Este último só aceita a parceria se as Instituições cederem toda a estrutura que já possuem.).
Em seguida foi relatada a luta pelo reconhecimento da proposta trabalhada por essas instituições através das 221 redes CEFAS (CFR e EFA), que buscam o fortalecimento da Agricultura Familiar, dentro da modalidade adotada, que é a Pedagogia da Alternância, dentro da perspectiva de observar, refletir e praticar. Foram mostradas também as atividades desenvolvidas por essas instituições de ensino.
O segundo momento do Relato de Experiências ficou a cargo da representante do SOME e 10ª URE, Aparecida Ferreira. A mesma fez um breve histórico da criação do SOME em 1980 com responsabilidade da Federação de Educação Paraense (FEP), passando para a responsabilidade da 10ª URE, quando esta foi fundada em 1982. Comentou também da expansão do mesmo, que atualmente engloba em 21 localidades, dentre as quais estão: Altamira, Anapu, Souzel, Vitória do Xingu, Brasil Novo, Medicilândia, Uruará e tendo Porto de Moz vindo a ser uma das mais novas a fazer parte e atuar no SOME em 2012.
Informou que o período letivo é dividido em quatro módulos, onde os professores fazem rodízio permanecendo 50 dias em cada localidade. Possuindo circuitos onde existem entre 4, 5 e 6 localidades que atuam o SOME. Segundo os dados apresentados são 58 professores, sendo 46 concursados e 12 contratados com carga horária de 200 horas. A importância deste trabalho é atender a comunidade referente aos valores culturais, lideranças, agricultura familiar enfim buscar soluções para supera problemas junto às lideranças. Muitos desafios enfrentados são: Reorganização curricular, parceria com prefeituras e visitas as localidades mais distantes. As prefeituras são responsáveis pela mobiliar do alojamento dos docentes e alimentação.
A atividade foi encerrada com a representante relatando importância do SOME esta “levando” educação não só aos centros urbanos, mas também ao campo.



Como atividade integradora, havia a necessidade de se pensar uma ação interventiva por meio de uma oficina temática envolvendo estudantes do Ensino Médio (a juventude do campo) podendo ser realizada nos diversos espaços: na escola, na associação, localidade.
A atividade integradora, compreendida em uma ação de intervenção por meio de uma oficina temática envolvendo a juventude do campo foi realizada com estudantes do Ensino Médio da Casa Familiar Rural de Medicilândia, e teve como finalidade desenvolver atividades relacionadas à área das Ciências da Natureza e Matemática.
Esta atividade compreendeu a realização de um projeto de intervenção na área de formação escolhida, com etapas que envolvem planejamento, realizada em nossa própria residência, execução, desenvolvida na CFR de Medicilândia, e a produção de relatórios.
O planejamento foi iniciado delineando o tema a ser desenvolvido, tal planejamento teve a duração de vinte horas e foi realizado nos dias 20, 21, 22 e 23 de maio do corrente ano, em conjunto com os discentes Carlos Rangel e Carlos Diego.
Inicialmente foi feita a escolha dos temas a serem desenvolvidos, bem como estratégia a ser utilizada. Depois foi escrito o projeto de intervenção, utilizando para isso conhecimentos assimilados durante os Tempos Acadêmicos e Tempos Comunidades anteriores, bem como elencado o tema gerador de acordo com a Alternância atual da CFR, obtido após uma visita no dia 23 de maio.
Em seguida, deu-se continuidade da atividade na CFR de Medicilândia. Tal atividade de intervenção foi desenvolvida em três momentos. Um momento de palestra, realizado no dia 25 de maio, das 14:00 as 22:00 horas. Um momento de aplicação teórica, realizado no dia 22 de junho de 2012, das 08:00 as 17:30 horas. E um terceiro momento, de aplicação das atividades desenvolvidas durante a palestra e a atividade teórica. O momento de desenvolvimento prático se iniciou na própria CFR e depois foi continuado nas propriedades dos discentes, através de atividades práticas. Essas atividades práticas foram desenvolvidas durante a parte da alternância em que os discentes estavam em suas propriedades. Tais atividades práticas foram realizadas em visitas, individuais e em conjunto com os discentes da referida instituição.
 No primeiro momento, que foi a palestra, foi apresentada dinâmica da LPEC, bem como explanado sobre o desenvolvimento do curso. Em seguida, foi palestrado sobre a aplicação da geometria plana nas atividades do campo, com o tema “Matemática aplicada ao Campo”.
Nesta atividade foram explanadas as dificuldades de se aproximar o “conhecimento da Vida ao conhecimento da Escola”. Em seguida, foi desenvolvido um pequeno seminário sobre a aplicação da Matemática ao dia-a-dia do Campo, com a aplicação do cálculo de área de figuras geométricas planas, com a transposição desses cálculos para os cálculos de superfície, com a “cubação de terra” das propriedades. Nesta atividade foram apresentadas as principais unidades de medidas agrárias, como o alqueire, o hectare e a tarefa ou linha, bem como feita a transposição da teoria para a prática.
Posterior as atividades de cálculo de área, foram desenvolvidas atividades teóricas de cálculos de volume. Inicialmente foram desenvolvidos cálculos para a cubagem de madeira serrada. Posteriormente foram desenvolvidas atividades envolvendo o cálculo de volume de madeira em toras. Nesta atividade foram explanadas sobre as três formas que esse cálculo de volume é feito, citando a utilizada pelos madeireiros e pelo IBAMA.
Essa foi à atividade que mais chamou a atenção dos alunos, pois é algo que eles devem desenvolver no dia-a-dia. A maioria desses é filho (a) de agricultores, e como voltam seus olhos para os respectivos grupos familiares, buscam aprender o assunto, pois logo se tornarão donos das propriedades, dentro da realidade apresentada nas bases teóricas.
Tal atividade foi de fundamental importância dentro do projeto interventivo, pois esta atividade veio complementar as atividades desenvolvidas pelos docentes da CFR de Medicilândia.
A mesma contabilizou uma carga horária de 80 horas, sendo: planejamento (20h), execução (30h) e produção de relatórios (30h).



Uma das características da entrevista semi-estruturada é a utilização de um roteiro previamente elaborado. Após a entrevista feita através de um questionário semi estruturado aplicado aos docentes titulares das disciplinas da área das Ciências da Natureza e Matemática, pode-se perceber que a realidade encontrada pelos docentes do SOME (Sistema de Organização Modular de Ensino) é basicamente a mesma.
            Dos três docentes entrevistados, todos têm mais de cinco anos de “sala de aula”, sendo que dois deles esta trabalhando há três anos no médio e um apenas um ano, e no que tange a formação, um é licenciado em ciências naturais com habilitação em biologia; outro em especialista em metodologia do ensino de matemática e física, e outros cursos de formação na área de educação do campo; o terceiro apenas licenciatura em matemática.
Referente à visão deles sobre o Ensino Médio, percebe-se que um dos entrevistados têm uma visão mais crítica, vendo a modalidade não muito significativa para o aluno, mas como um degrau obrigatório que o aluno passa para prestar concursos e vestibulares, acreditando mais em cursos profissionalizantes. Enquanto os outros acreditam que é uma fase preparatória dos discentes, dando suporte para o futuro dos indivíduos, sendo uma etapa decisiva, onde de forma consciente faz a diferença na trajetória dos mesmos.
            Em relação aos recursos especiais, eles utilizam os que a escolas dispõem, sempre que necessário e possível. Mesmo assim, pode-se perceber que eles não se prendem apenas a tecnologia, e fazem o uso de materiais como cartolina, papel cartão, papel madeira, entre outros, não se prendendo apenas aos livros didáticos, também são muito utilizadas as aulas de campo, ou seja, por em pratica fora do ambiente escolar aquilo que se teve a teoria em sala de aula, todos esses matérias alem de servi como subsidio ou professor facilita o ensino aprendizagem dos alunos.
            Os mesmo não se prendem a nenhum posicionamento teórico específico, pelo fato de a educação estar em um processo de mudança, e cada localidade terem uma realidade diferente acompanhando ou tentando acompanhar o ritmo da sociedade. Sendo que um do entrevistado gosta muito das obras de Paulo freire. Sempre que desenvolvem suas atividades, busca trabalhar a diversidade dos alunos, relacionando o conhecimento da disciplina a realidade dos alunos. 
            Os materiais usados pelos professores de ensino médio dependem muita da escola que estão trabalhando, algumas é possível mostrar ao seu aluno material concreto que facilita a aprendizagem dos demais, materiais esse como exemplo Podemos citar: data show, filmes, laboratório. Não temos um material didático que vem trazer a realidade dos alunos, hoje os livros didáticos mostram a realidade mais do sul e sudeste, sempre precisando a readaptação desses materiais a realidade da comunidade. Um dos entrevistados segundo ele, não trabalha com nenhum material adequado a realidade local, pois o mesmo diz esta preparando seus educandos exclusivamente para prestar o vestibular.
            Como se trata de SOME a maioria dos alunos dessa modalidade de ensino são filhos de agricultores, encontrando também ribeirinhos e pescadores, pessoas de classes baixas, tendo uma variação do modo de vida dependendo da comunidade, indivíduos que lutam para enriquecer seus conhecimentos.
            Para eles, as maiores as dificuldades encontradas na prática profissional do Ensino Médio são as condições físicas das escolas, a falta de recursos e materiais, livros descontextualizados, desmotivação dos alunos, ausência de autonomia das escolas, falta de energia elétrica nas escolas, falta de laboratório e biblioteca, não tem calendário especifico para região obedecendo aos meios de produção de acordo que os alunos possam trabalhar em sua propriedade e estudar, contribuindo na renda da família entre outros.
            Com o desenvolvimento dessa atividade pode-se perceber e compreender os anseios dos educadores, bem como é feita, em partes, a sua prática docente. A mesma teve fundamental importância como complemento desta atividade de Tempo Comunidade.

3.4 Projeto Político Pedagógico: uma construção coletiva


Sonhamos com uma sociedade mais justa, mais ética, mais humana, mais solidária, para isso, necessitamos de uma escola que se preocupe em formar pessoas não apenas reprodutores, mas que sejam capazes de julgar a realidade e interferir nela de forma crítica e consciente. Toda instituição que deseja construir este modelo de sociedade, necessita efetivamente de planejamento. O fator decisivo deste é a percepção dos sujeitos envolvidos e da necessidade de mudar a realidade nela inserida.
Para que uma mudança acontecer, cabe a escola intervir e dará seus primeiros passos, pois, como se sabe, a escola é e deve ser cada vez mais, um lugar de valorização das necessidades de diferentes contextos comunitários. As  percepções, disposições são construídas nas complexas relações culturais que estabelece social­mente. Tais relações são particularmente ricas e desafiadoras no ambiente escolar; é na escola que aprende e internaliza boa parte daquilo que pensam e que são capazes de fazer no espaço em que vivemos.
            As atividades de construção do PPP tiveram continuidade na E. M. E. F. Benjamin Constant.  Essa continuidade foi feita levando para a comunidade a qual a escola esta inserida, o texto redigido através da análise das respostas obtidas com o questionário aplicado anteriormente. Também foram feitas visitas a Secretaria Municipal de Educação para que tivéssemos um parecer sobre a realização dessa atividade. A parte negativa foi à posição tomada pela referida secretaria, que foi: podem continuar com a discussão, é pertinente para a realidade escolar, mas no momento não será feito o PPP desta escola, uma vez que a mesma funciona como anexo da E. M. E. F. Gaspar Vianna, e o PPP da Gaspar Vianna, foi construído no ano de 2011 e estava em aprovação por parte do Conselho Estadual de Educação.
           

     

3.5 Partilha dos Saberes


A socialização da partilha dos saberes tem como objetivo a intervenção dos pesquisadores na comunidade, com intuito de mostrar informações precisas à realidade do Campo, na partilha e troca de conhecimentos assimilados nos Tempos Acadêmicos, fazendo sua transposição para a prática. Sua ligação com a comunidade/lócus de pesquisa é essencial para o desenvolvimento de atividades, uma vez que essas atividades de pesquisa têm seu gênesis nas comunidades.
A partilha dos saberes do VI Tempo Acadêmico aconteceu dia vinte e três de junho de dois mil e doze, na Comunidade São Francisco de Assis, vicinal norte do km 85 da Rodovia Transamazônica (Altamira-Itaituba), em Medicilândia. Tal atividade foi iniciada às 10h30min da referida data, com a reapresentação da equipe da partilha. Após a apresentação da equipe, foi apresentada dinâmica da LPEC, bem como explanado sobre o desenvolvimento do curso. Em seguida, foi palestrada sobre a aplicação dos conhecimentos obtidos com as pesquisas realizadas na Comunidade, sua interpretação científica e sua posterior transposição nas atividades de partilhas de saberes, bem como a utilização desses conhecimentos para melhorar o processo de ensino-aprendizagem-ensino.
A reunião foi realizada no mesmo dia e lócus da reunião que tratava do PPP da escola. Na mesma, entre outros assuntos, foi tratada a questão da juventude, principalmente pelo fato de ser na juventude que a sociedade deposita as maiores esperanças de vivermos em um mundo melhor no futuro, e infelizmente por serem os jovens, a parcela da população onde se tem mais ocorrências dos principais problemas da atualidade. Por ser entre os jovens estão os maiores índices de usuários de álcool, cigarros e drogas; causadores e vítimas de acidentes de trânsito. Por serem eles que mais sofrem com o desemprego, e os que entram para a criminalidade.
Foi discutida nesta partilha também que, o problema da juventude medicilandense está na falta de opção para os jovens, pois não tem um local para a prática de esportes. Na ausência da escola em cumprir o seu papel social e sem a opção de escolher, alguns jovens acabam buscando caminhos que não lhes oferecem possibilidade de futuro: o caminho das drogas, da violência, da prostituição. Na referida partilha houve também um debate sobre a direção que está sendo dado e o caminho que está sendo seguido pela Educação de forma geral e em especial a Educação do Campo.
Foi o melhor momento da reunião, pois os pais e até mesmo os alunos puderam expor suas angustias, medos. Com a participação da equipe da partilha conduzindo o debate, ele foi muito proveitoso, pois mais que debater, a comunidade mesmo estando distante da realidade das escolas da cidade, indicaram caminhos, soluções, que se não sanarem os problemas, de certa forma amenizam a situação.
Entre os caminhos indicados estão à construção de centros de lazer, salas de leituras, programas e projetos que tragam os alunos para a escola no horário contrario ao de estudo, para que possam estar desenvolvendo atividades que enriqueçam o currículo escolar e que sirvam para atrair a atenção dos alunos e desviá-los do foco da violência e das drogas.
Mesmo sem o conhecimento cientifico, a comunidade sabe que existem ações a serem tomadas. Essas ações planejadas pelo poder público e a sociedade civil devem definir planos e ações direcionadas a proteger, capacitar e gerar oportunidades aos jovens, de modo a mudar os números dessa realidade, que mostra os jovens como causadores dos males da sociedade.
Segundo Aquino (2009), diz que “Tradicionalmente, estas ações se concentraram nas áreas de educação e emprego – sob a perspectiva da juventude como fase preparatória da vida – ou de saúde e segurança pública – com o viés da juventude como etapa crítica”.
Essas ações, como tantas outras existem, mas apenas como arquivos teóricos. Que por descuido dos gestores, não são aplicados. A comunidade cobrou muito a realização delas, pelo fato de existirem leis que visam à proteção, a inclusão dos jovens, mas que não passam de arquivos teóricos que ninguém vê na prática. Se as escolas de fato estivessem cumprindo seu papel social, a discussão aqui seria bem diferente das que se trata nas realidades escolares de hoje, principalmente na realidade do município de Medicilândia que não se difere muito da realidade brasileira, quando se trata de educação.
A reunião de partilha consistiu num momento muito rico onde houve trocas de experiências e foram problematizadas diversas temáticas que envolvem cotidianamente a comunidade. Dentro dessas discussões foi possível perceber as angústias, sonhos e anseios desta comunidade que luta por uma melhora na educação, saúde, moradia estradas etc., para receber de fato, aquilo que é seu por direito. Pessoas que se organizam e se mobilizam reivindicando os direitos que lhes são negados.


CONSIDERAÇÕES FINAIS


A cada pesquisa ocorrida durante o tempo comunidade observa-se que, vão se juntando novos conhecimentos que interligados podem contribuir na produção de um novo olhar no que se refere às partes que constitui o território denominado de campo. O presente trabalho realizado foi possível perceber que, embora muito tenha sido feito em relação juventude e transformações socioambientais, muito ainda há para se fazer. Principalmente pelo fato de a nossa juventude ser afastada das decisões a serem tomadas e atividades a serem desenvolvidas.
A partir da pesquisa feita com os docentes da Área das Ciências da Natureza e Matemática, pode-se perceber que a metodologia utilizada pelos referidos docentes é basicamente a mesma. Em conformidade com isso pode-se analisar também que, mesmo alguns dos docentes serem relativamente novos, as suas práticas educativas tendem a acompanhar a práticas dos docentes mais antigos, fazendo o uso de algumas tecnologias, quando oferecida pela escola.
            Quanto ao estágio, o resultado foi bastante satisfatório, por ter sido um trabalho bem elaborado, onde seguiu uma linha de raciocínio oriundo de um planejamento bem elaborado, que deu origem aos planos de aula que colocados em prática resultaram em aulas prazerosas com participação intensa dos alunos, já que os assuntos abordava a própria realidade da localidade.
            A partir dessa experiência, é possível afirmar que diante de uma aula bem planejada, onde o educando é enxergado como peça fundamental, irá surtir um ótimo resultado na comunidade e na sociedade no geral, e é exatamente este o desejo dos pais e mães que habitam o campo, multiplicando-se em indivíduos agentes de transformação lutando por uma organização e políticas públicas que enxerguem o campo como um território habitado por pessoas que também direitos.
            Também foi possível constatar que o trabalho interdisciplinar pode sim dar certo, basta o educador ter um tempo reservado para poder pesquisar e planejar suas aulas com antecedência, no começo parece muito difícil, mas, colocando em prática com um bom conhecimento sobre interdisciplinaridade as aulas se transformam bem mais interessantes e com um entendimento bem mais extenso abrangendo várias disciplinas em uma só aula.
            Correlacionando a atividade de ação interventiva, pode-se estabelecer que o interesse pelos assuntos da área das Ciências da Natureza e Matemática se deu principalmente pelo fato dos discentes terem estabelecido a relação de uso, de aplicação desses conhecimentos nas propriedades. Desde que este possa ser aplicado de forma direta e objetiva.
            A socialização com a comunidade dos saberes aprendido também foi um momento que merece ser caracterizado de extrema relevância, pois, o que foi debatido entre todos os presentes esclareceu muitas interrogações no que se referia ao PPP. A partilha de saberes alcançou o seu objetivo que é fazer a comunidade refletir sobre a pratica educacional, bem como trazer a comunidade para o debate, considerando que a escola esta preparando os educandos para ajudar no desenvolvimento da comunidade.
A realização desse trabalho foi de fundamental importância já que as pesquisas foram feitas in lócus, e os dados obtidos foram analisados de forma clara e objetiva, a fim de não mascarar os resultados, almejando-se  explicar o “por que” das coisas e visando identificar os motivos que determinaram ou contribuíram para formação da realidade.





REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


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SOUZA, S. Zákia.  Avaliação, ciclos e qualidade do ensino fundamental: uma relação a ser construída. Estudos Avançados, São Paulo, n. 60, 2007.  


VEIGA Ilma Passos Alencastro. (org.) Projeto político pedagógico da escola: uma construção possível. 14ª edição Papirus, 2002. In Didática Profº Lourival Ferreira, Apostila Procampo 2011.



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